MUDAR esta pouca vergonha

Está aí a tão famigerada revisão da lei do arrendamento. Como seria de esperar ninguém está satisfeito. Inquilinos não querem aumentos mas querem obras feitas a tempo e horas, senhorios querem liberdade para dispor dos seu imóveis mas alguém que lhes dê um rendimento extra enquanto vão ficando lá por casa. Ora na minha humilde opinião isto gera uma ciclo vicioso, andamos às voltas à volta do mesmo! Esta revisão pressupõe um entendimento entre senhorios e inquilinos quanto ao valor da renda a cobrar. Eu tenho pouca fé no entendimento entre seres humanos em geral, vamos ver como isto corre. No meio das consequências desta revisão a mais batida é claro são os despejos. Há previsões de despejos em massa e do ressurgimento de bairros de lata (não sabia que eles tinham acabado). Eu acho que a lei não é perfeita nem equilibrada, é difícil chegar a um equilibrio quando existem incentivos e considerações sociais à mistura. Mas também acho que não é o fim do mundo. As pessoas mais vulneráveis parecem ficar protegidas e caso não haja acordo entre senhorio e inquilino o inquilino é convidado a sair num prazo de 6 meses mas com uma indemnização de 5 (anos) vezes a média dos valores propostos por senhorio e inquilino.

E esta música e video ajudam a recordá-lo

Seguramente desde 2001 que não havia um ano com tantas mudanças e se calhar nesse ano as mudanças não foram tão globais e imediatas como em 2011.

Em 2011 a U.E. viveu a sua primeira grande crise, facto comprovado pelo número de mudanças de governo entre os Estados-membros e pelo número de cimeiras europeias realizadas. Mas para o cidadão comum esta crise revelou-se na dificuldade de financiamento por vários Estados-membros e pela política de austeridade que a U.E. impôs para resolver essa crise.

Mais impressionante que a crise da U.E. foi a Primavera Árabe, que conseguiu num curto espaço de tempo acabar com várias ditaduras e colocar em risco outras. Neste momento ainda é certo para dizer que a Primavera Árabe foi uma vitória da democracia (o exemplo mais claro dessa incerteza é o Egipto), mas obviamente várias mudanças ocorreram.

Um dos factores determinantes da Primavera Árabe foram as manifestações populares, muitas delas organizadas através das redes sociais. Isso levou a que em outras partes do globo outros quissessem seguir o exemplo e assim surgiu o movimento Occupy Wall Street e as actuais manifestações na Rússia (por cá também tivemos o Movimento Geração à Rasca, mas parece que esse rapidamente passou à história).

Outras mudanças mais silenciosas ocorreram ou estão a ocorrer. Cuba parece estar a abrir-se, enquanto o Irão e a Turquia se fecham. Na Coreia do Norte a morte do "Querido Líder" levou a várias questões relacionadas com um páis que não dá respostas. Na Russia, a estranha forma de "democracia" orquestrada por Putin parece estar a ser colocada em causa. A China e o Brasil afirmaram-se como importantes actores na cena política internacional.

Esperem pelo próximo ano para verem os próximos capítulos.

Para aqueles que não gostam do Natal...

A todos os pescoços oprimidos erguei-vos e lutai! Aos opressores: há dinheiro para poupar!

Nestas ultimas horas, que parecem dias para muitos petizes, vou escrever algo realmente interessante...eu sei que normalmente só escrevo baboseiras e trivialidades. Mas agora vou falar um pouco dos dados que pairam sobre umas compras e vendas de natal. As Dívidas.
Pois bem, não que seja muito importante mas já alguém questionou o Governo Angolano para em vez de tentar entrar nas empresas (lucrativas) portuguesas que se limite a pagar a divida?
Segundo rezam as lendas em algo como 1.4 mil milhões de dólares, se fizermos umas contas de merceeiro .... este dinheiro faz falta ora bolas! sim é verdade que também nós devemos e muito a credores, mas não podia o chamado povo irmão começar a pagar a divida em vez de simplesmente entrar com o capital nas empresas portuguesas?

Sem medos e preconceitos, está na hora de MUDAR esta pouca vergonha! Até tenho uma lagrima no canto do olho!!!

O governo anunciou esta quinta-feira a venda de 21.35% do capital da EDP à empresa chinesa China Three Gorges . Esta venda parece ser uma boa noticía, pois o valor pago é bastante satisfatório, as contrapartidas oferecidas pela empresa chinesa podem ser bastante positivas para a EDP e para Portugal e as declarações proferidas pelos dirigentes da empresa chinesa sugerem que Portugal pode desta forma ter aberto as portas a um importante investidor mundial, a China.
Apenas dois avisos à navegação. Primeiro, o governo deve garantir que as contrapartidas oferecidas são mesmo concretizadas e não acontece o mesmo que em anteriores situações em que as contrapartidas nunca avançaram. Segundo, é importante abrir as portas ao investimento chinês, mas isso não significa que Portugal deva ser vendido à China.

"Uma das prioridades da Companhia de Jesus era a actividade missionária. Assim, à medida que os portugueses foram chegando cada vez mais longe, os jesuítas acompanharam a sua expansão. Em 1542, Francisco Xavier desembarcou em Goa com dois companheiros e, depois de percorrer várias regiões da Índia, esteve em Malaca e nas Molucas, chegando ao Japão em 1549. Veio a falecer em 1552 quando estava prestes a entrar na China. 

Governo assume dívidas da Madeira e retira competências a Jardim

Esse aumento será concretizado através de uma "significativa redução das diferenças em taxas para com o continente" no IRS, no IRC e no IVA [inevitável, nada a opor]. Para além disso, o Governo prevê "um ajustamento das tarifas dos serviços públicos" [inevitável, semelhante ao Continente] e a introdução de portagens em estradas [ãh??????].

PSD Porto defende portagens nas "autoestradas" da Madeira

Autoestradas? com amigos destes...

Já que o nome é parecido a autoestradas, e autoestradas lembram SCUTS, por que não umas portagenszinhas?

Para resolver este problema de ter o Governo Central a aplicar receitas que ignoram grosseiramente a realidade local, e coisas decididas por senhores como o citado acima, havia uma coisa chamada autonomia, que agora parece que foi retirada e em troca agora temos que "A Região Autónoma da Madeira, para além de todo este quadro de dificuldades que vai ter que [enfrentar] no ano de 2012, está novamente numa situação em que é difícil de dialogar com o Estado Central", declarou Jardim.

Algumas imagens das "autoestradas" da Madeira e das alternativas as estas "autoestradas" mostram o absurdo daquilo que é proposto.

[aquela ali em cima à esquerda deve ser agradável para ir para o trabalho de manhãzinha, até se pode ir de autocarro]

Se as imagens não forem suficientemente elucidativas considere o que será introduzir portagens a cada 100 metros.

E depois considere o que isto fará ao turismo, sobretudo oriundo de classes média-baixas britânicas.

E finalmente considere atitudes destas e leviandades destas.

Mas por favor não se queixe da atitude dos governantes da Região Autónoma da Madeira.

Esta segunda-feira foi anunciada a morte de Kim Jung-Il (segundo parece ele morreu no sábado, mas só esta segunda-feira a notícia foi conhecida). Infelizmente anunciou-se a morte do ditador, mas não da ditadura pois o o filho mais novo de Kim Jung-Il já foi nomeado como o novo "Querido Líder". A Coreia do Norte é uma das mais brutais e secretas ditaduras ainda no poder, sendo que realmente pouco se sabe do que realmente se passa. Contudo, é impossível passar ao lado dos milhares de pessoas que todos os anos morrem à fome na Coreia do Norte por culpa da política económica imposta pelo regime e pela instabilidade geo-politica que esta ditadura gera em toda a região. Esperamos por isso dentro em breve anunciar o fim desta ditadura e não a morte do ditador, e que desta forma a Coreia do Norte possa verdadeiramente ter um "Homem do Leme" ( e não as actuais marionetas que governam o país há mais de 50 anos)

The prime minister conducted his EU negotiations while intentionally 'desperate for a pee', to achieve maximum focus.

http://www.guardian.co.uk/politics/shortcuts/2011/dec/12/david-cameron-full-bladder-technique

Depois de há umas semanas o secretário de Estado da Juventude ter mandado os jovens emigrar, hoje foi a vez do primeiro-ministro recomendar aos professores a emigração (particularmente para o Brasil e Angola). Não conheço nenhuma teoria económica que defenda a emigração dos cidadãos de um país, pelo que devemos estar perante o nascimento duma nova doutrina económica.

Na minha opinião a defesa da emigração é uma opção errada pelas seguintes razões:
(1) Tanto o primeiro-ministro como o secretário de Estado defenderam a emigração de trabalhadores altamente qualificados. Logo, estamos a falar de trabalhadores em que o país fez um elevado investimento, essencialmente através do sistema de ensino público responsável pela formação da maioria desses trabalhadores.
(2) Do ponto de vista contabilistico não consigo perceber o que se pretende com a defesa da emigração. Penso que os nossos governantes se esquecem que os tempos de enviar remessas para a pátria mãe já lá vão e que em caso de emigração o mais provável é que esses trabalhadores alterem a residência fiscal para os países que os vão receber, pelo que se irão perder as receitas fiscais que poderiam ser obtidas desses trabalhadores. Os únicos beneficios económicos que consigo ver da emigração é a redução do montante de subsídios de desemprego que o Estado teria de pagar a alguns desses trabalhadores. No entanto, penso que os custos são muito maiores que esses beneficios.
(3) Antes de defender a emigração, o PM devia lembrar-se que Portugal é um dos países com a mais baixa taxa de fertilidade e em relação aos outros países da zona eura continua a ter um défice de mão-de-obra qualificada. Logo, quando voltarmos a crescer essa mão-de-obra pode fazer muita falta.

À classe política actual, de outrora, em geral e em particular a todos nós e a ninguém.

Standard & Poor's escreve carta à França:

Rompuy anuncia nova cimeira para fim de Janeiro e início de Fevereiro.

Uma música que parece descrever na perfeição o percurso de Portugal na UE

Nostradamus faria hoje 508 anos se fosse vivo. Muitos recordam que uma das suas profecias era o fim do Mundo em 2012. Eu acho que ele se referia ao Euro, mas o fim do Euro também não é o fim do Mundo...

Nas últimas semanas muito se tem falado de alteração da Constituição e dos impostos que os Portugueses têm de pagar. Normalmente os dois pontos não são relacionados, quando na realidade o deviam ser.

Quer se goste, quer não se goste, a nossa Constituição defende um Estado Social em que ao Estado compete a prestação de serviços sociais e a redistribuição da riqueza entre os cidadãos. O Estado é também responsável pelas relações diplomáticas com o exterior, pela defesa externa e pela segurança interna. Para cumprir essas funções o Estado necessita de financiar-se através de impostos ou então necessita de recorrer ao endividamento. E aqui começam os problemas, pois até agora era possível ao Estado obter financiamento através de endividamento(interno ou externo) mas agora essa torneira quase que se fechou. Logo, só há duas opções: deixar de cumprir a Constituição com o Estado a não cumprir as funções nela estabelecidas ou o Estado aumenta impostos e/ou arranja outras formas de financiamento.

Infelizmente, a questão não tem sido posta nesses termos pelos nossos políticos, o que tem impedido um debate sério sobre o tema e conduzido a alguns erros. Um exemplo concreto desses erros é o aumento das taxas moderadoras anunciado nos últimos dias e que claramente viola a Constituição (pois a Constituição diz que a saúde deve ser gratuita).

Logo, em vez de estarmos a discutir se devemos alterar ou não a Constituição para incluir o limite ao défice estabelecido na última cimeira da UE, deviamos antes estar a ter uma discussão séria sobre se devemos ou não manter a Constituição tal como está.

Eu defendo que a Constituição deve continuar a estabelecer a existência de um Estado responsável pela prestação de serviços sociais e pela redistribuição da riqueza (podendo e devendo os dois pontos estar relacionados). No entanto, era importante eliminar da Constituição alguma da herança associada com o fervor revolucionário do período em que esta foi escrita, pois isso permitiria agilizar a actuação do Estado.

No caso em concreto das taxas moderadoras, eu considero o seu aumento um erro. Penso que essas devem ser actualizadas de forma a cumprir a sua função (evitar abusos do SNS) e até aceito que alguns serviços do qual não depende directamente a saúde das pessoas devem deixar de fazer parte do SNS (por exemplo não me indignaria se certas especialidades deixassem de fazer parte do SNS). Contudo, não é aceitável que as taxas moderadoras subam para os valores agora anunciados, particularmente no serviço de urgências, consultas hospitalares e centros de saúde.

O SNS deve ser financiado através de impostos e esses devem levar em conta o objectivo de redistribuição de rendimentos. Se o governo quer instituir o princípio do utilizador pagador deve fazê-lo por exemplo no Ensino Superior, mas nunca na Saúde. Na Saúde falamos de uma necessidade básica, a que uma pessoa recorre não porque tem mais ou menos dinheiro. Para mais, se olharmos para os números será fácil perceber que nos serviços básicos que falei (urgências, consultas hospitalares e centros de saúde) a utilização é essencialmente pela classe baixa e média e não pela classe alta. No Ensino Superior a história é outra.

Depois de tanta expectativa em relação à cimeira da UE da semana passada, mais uma vez a montanha pariu um rato. O mais engraçado no meio disto tudo, é que parece que todos se enganaram. Enganaram-se o que previam o colapso do euro após a cimeira caso não fossem tomadas medidas importantes. Mas também se enganaram aqueles que anunciavam importantes medidas para esta cimeira.

Apesar das minhas anteriores afirmações, devo dizer que ainda não consegui compreeder completamente o que resultou da cimeira da UE. Por esta razão decidi usar este post para me ajudar a tentar organizar ideias:
(1) Segundo parece a maioria das medidas anunciadas foram decididas durante o jantar. Se tal for verdade é curiosa a nova forma que a UE arranjou para tomar decisões
(2) Do que saiu cá para fora, parece que as medidas propostas podem ser resumidas como um reforço e reafirmação do Pacto de Estabilidade e Crescimento, por isso nada verdadeiramente novo. Talvez a única coisa nova seja a intenção de reforçar as sanções para os incumpridores (contudo, o que significa incumprimento e quais são as sanções ficou por definir)
(3) Infelizmente esta foi mais uma cimeira em que se falou quase exclusivamente de "Responsabilidade" e nunca se falou de "Solidariedade". "Responsabilidade" é muito importante e fundamental para o futuro da UE, mas deve estar associada à ideia de "Solidariedade".
(4) A cimeira demonstrou mais uma vez que não temos uma UE mas várias UE's. Penso que seria importante clarificar duma vez por todas esse ponto. A minha ideia seria criar uma organização que caminhe no sentido duma união económica e num reforço da união politica e ao mesmo manter uma organização com um conjunto mais alargado de países que seja simplesmente uma zona de comércio livre.

Tenho estado ansiosamente à espera do filme dos Marretas... eu e as criancinhas ou os pais das criancinhas que se lembram o que são os Marretas.

Porque hoje começa uma cimeira da UE que pode ser decisiva para o futuro da UE e de todos nós

"há uma campanha da direita contra a dívida, há um ódio ao Estado Social"

Ainda pensei que fossem os da União Europeia, mas afinal não...

"Eu não me meto em confusões, não sou de me meter em confusões. E não sei porque motivo foi essa confusão"

Tudo bons rapazes.

Nas últimas décadas temos vindo a assistir a uma deterioração da classe política, não só em Portugal mas em todo o mundo.

No pós segunda-guerra surgiram nos vários quadrantes póliticos personalidades que se distinguiam pela sua capacidade intelectual e clareza ideológica. A maioria dessas personalidades tinha uma vasta experiência fora da política antes de desempenhar cargos públicos. Em contraste, hoje a maioria dos nossos políticos tem origem nas juventudes partidárias, sendo escolhidos para líderes não pela sua capacidade intelectual ou clareza ideológica mas pela capacidade de influenciar os seus pares.

Esta deterioração da classe política é uma das razões para a actual crise na UE, pois explica parte dos erros cometidos nos últimos anos e os erros que continuam a ser cometidos.

Outro fenómeno a que assistimos nas actuais sociedades ocidentais é o ostracismo para com os políticos do passado, aqueles que ajudaram a contruir a UE e a nossa actual sociedade. Hoje, temos esses entes iluminados, designados de comentadores políticos, que se consideram os únicos detentores da verdade e que por isso acham que se deve ignorar as vozes do passados (veja-se os comentários recentes às declarações proferidas nas últimas semanas por Mário Soares e Manuela Ferreira Leite). O mais engraçado é que esses entes iluminados raramente são capazes de emitir propostas concretas.

Esta minha reflexão teve a sua origem nas declarações do ex-chanceler alemão Helmut Schmidt que criticou neste domingo o actual ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha por “visitar mais vezes o Médio Oriente do que Lisboa ou Atenas”, apelando a mais solidariedade de Berlim para os parceiros europeus. Helmut Schmidt é um dos constructores da UE, pelo que quer se concorde ou não (eu pela minha parte concordo plenamente) a sua opinião devia ser escutada com atenção pelos lideres politicos da UE e pela opinião pública em geral. Infelizmente duvido que tal vá acontecer

Parlamento Europeu aprova adesão da Croácia à UE

Há cerca de um ano divulguei neste blog que o programa "Você na TV" da TVI ajudou a capturar um homem que tinha fugido há 14 anos da prisão de Paços de Ferreira e que havia decidido participar no programa. Esta semana soube-se que o famoso "estripador de Lisboa" dos anos 90 pode ter sido finalmente encontrado por intermédio do programa "Casa dos Segredos", também da TVI. Segundo relatam as noticias, o filho do presumível estripador tentou ser um dos participantes na "Casa dos Segredos", revelando que o seu pai era o famoso "estripador de Lisboa", entregando provas da veracidade da suas afirmações .

Num momento em que tanto se discute o serviço público de televisão, vimos a descobrir que a TVI  é  o canal que presta um verdadeiro serviço público ao apanhar criminosos. Parece que estes ou os seus familiares têm uma fixação por programas da TVI, principalmente por aqueles que têm como apresentadores Manuel Luis Goucha ou Teresa Guilherme. Estes programas são uma autêntica armadilha de ratos só que para criminosos. Numa altura em que tanto precisamos de estimular as nossas exportações podemos tentar ver se conseguimos vender às policias mundiais este grande instrumento para apanhar criminosos.

Dedico este vídeo, nomeadamente o seu inicio, a dois ilustres membros deste blog (em full version dada a minha falta de habilidade para mais).

Numa altura em que várias empresas começam a preparar planos de contingência para precaver o fim do euro, a UE (i.e., a Alemanha e a França) continuam a tentar resolver a crise com simples medidas, que não são mais que meros curativos. Continuando a usar a terminologia médica, numa altura em que todos percebem que é necessária uma intervenção cirurgica, a UE continua a tratar o doente com chás, canja de galinha e pensos rápidos.
Se a UE continuar a pensar desta maneira, o mais certo é o doente morrer dentro em breve. Contudo, neste momento ainda há esperança, ao contrário do que muitos cangalheiros andam por ai a dizer.
Esta sexta-feira finalmente apareceram por parte da UE alguma "ideias" de proposta que podem ser uma luz ao fundo do túnel. Para ajudar a UE a reflectir e ver se leva essas medidas por diante (e se possivel implemente outras) deixo aqui uma música

Na semana passada houve uma greve geral em Portugal. Dados os comentários que li e ouvi (incluindo neste blog) e dado que os sindicatos prometem convocar novas greves, decidi reflectir um pouco sobre este tema.

Sempre fui e continuo a ser contra greves, essencialmente por achar que é uma forma de luta ineficiente, em que os custos mais que ultrapassam os beneficios, incluindo para os grevistas. As greves tiveram um papel fundamental na história e na luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho, contudo o mundo hoje é diferente, fazendo com que as greves sejam um meio pouco eficaz para alcançar os objectivos a que se propõem.

Actualmente, um dos pontos negativos das greves é a sua possivel confusão com as manifestações. Ao contrário das greves, penso que as manifestações, desde que ordeiras e pacificas, podem ser um meio de luta eficaz e neste momento de dificuldades podem ter uma importante função de catarse social. No entanto, é importante sublinhar 2 palavras na minha frase anterior: ordeiras e pacificas. É importante também que as  manifestações tenham um motivo e, mais importante, que o seu objectivo seja propor medidas concretas. Isto é, não é fazer manifestações só porque é giro.

Dito isto, gostaria de mais uma vez enaltecer a actuação dos sindicatos no último ano e meio. No passado fui muito crítico da atitude dos sindicatos, contudo desde que a actual crise começou eles mostraram ter uma atitude responsável e constructiva. Numa altura em que se pedem sacrificios às pessoas, é normal que elas se sintam descontentes. Os sindicatos até agora não têm tentado tirar partido desse descontentamento. Eles têm cumprido a sua missão de defender os interesses dos trabalhadores, essencialmente propondo medidas alternativas (umas boas outras más) às que estão a ser implementadas. Mais importante, os sindicatos têm conseguido organizar os trabalhadores de forma a que o ambiente se mantenha ordeiro e pacífico, bem diferente do que vimos na Grécia. Por estas razões, penso que o Governo devia ter uma palavra de agradecimento para os sindicatos, principalmente para os seus líderes (pois esses se calhar têm evitados que individualidades mais radicam tomem o comando da contestação).

The eurozone has 10 days at most.

Nunca pensei que o lobby da cultura fosse mais poderoso que o lobby da energia.

E porque o fado é Património da Humanidade

Um ilustre membro deste blog veio no seu último post afirmar que o link que eu tinha colocado a dizer que o Governo Regional da Madeira ia gastar 3 milhões de euros em iluminações e fogo-de-artifício estava desactualizado, dada a notícia publicada no DN que diz que o espetáculo de fogo de artifício sobre a baía do Funchal foi adjudicado pelo valor de 736.776 euros. Não consigo perceber o porquê da notícia do Público estar desactualizada pois se 736 mil euros são gastos em fogo-de-artifício, os restantes 2264 mil euros podem ser gastos em iluminações. Logo, o meu ponto mantem-se, não percebendo como é que dada a crise e necessidade de austeridade o Governo regional da Madeira decide fazer essas despesas.

Já que falamos da Madeira, o que dizer das declarações de Miguel Sousa, vice-presidente do PSD e da Assembleia Legislativa na Madeira, que subscreveu esta semana o slogan catalão: "independência sim, separatismo não". Após esta afirmação, só uma música me vem à cabeça (em duas versões para agradar a todos)

O Público está com algum atraso a actualizar o site.

Quando as coisas ficam difíceis, podemos sempre contar com um senador do país para aproveitar o tempo de antena que tem para nos vir dizer que... Eu tinha razão.

Mais uma dedicada ao actual estado da UE (regarding the title of the song, the problem is that the EU is falling but is not in love)

Merkel sees EU treaty change as solution, not eurobonds

Para já quero começar por denunciar o plágio do titulo… vi-o hoje a circular no facebook num cartoon… Plágio denunciado, passemos ao que interessa.

Não sou fã de greves, nunca fui, talvez porque me pareça que são sempre convocadas para 6ªs ou 2ªs feiras, talvez porque me pareçam prejudicar mas do que ajudam que alegam ajudar. Desta vez foi a uma 5ª feira, talvez o dia 25 de Novembro não traga boas recordações...

É óbvio para qualquer pessoa que as coisas não estão bem, é óbvio que o governo está a tomar medidas duras, talvez até injustas. Mas muitos dos afectados por essas medidas fizeram a cama em que estão agora a deitar. E muitos dos indignados e revoltados não sabem sequer o que é passar necessidades. Manifestantes jovens com cama, comida e roupa lavada revoltados com as dificuldades que estão a passar é coisa que nunca me convenceu muito. Promessas de paraíso é com o outro Sr. Maquinistas com salários de 50.000€ a fazer greve também não têm a minha simpatia (desculpem qualquer coisinha). Chamem-me fascista se quiserem, gritem 25 de Abril Sempre Fascismo Nunca Mais… Gritem! Pode ser que aparecem na televisão, pode ser que sejam agredidos pela polícia quando estavam pacificamente sem fazer nada. É uma mania que a polícia tem… Aparecer na TV é fixe pá mas...

Meus amigos é preciso MUDAR concordo. É preciso esforço, é preciso sacrifício. As coisas não caem do céu nem acho que devam cair. Meus amigos pensem nos que têm de trabalhar porque não podem ou não querem perder o dinheiro de um dia de trabalho e se vêm gregos para chegar aos empregos ou seja onde for.

Meus amigos é preciso MUDAR concordo, mas não concordo com o caminho da indignação pseudo-coisa, não concordo com o caminho das greves. Meus amigos, voltando ao plágio, eu quero é que vão todos pró trabalho!

Os países da zona euro continuam sob pressão e na realidade essa pressão tem vindo a intensificar-se nos últimos dias.

Apesar do acordo alcançado em Outubro, da mudança de governos em 3 países (Grécia, Itália e Espanha) e do intensificar das medidas de austeridade, nada parece travar a espiral descendente em que a zona euro entrou. Esta semana a crise alargou-se para os países até agora considerados como seguros, tendo os holofotes virado-se para a Bélgica e França. Mais surpreendente ainda, esta quarta-feira a Alemanha teve dificuldade em vender ao preço desejado a quantidade de divida que pretendia colocar no mercado. Finalmente ( e como já vem sendo habitual nessas alturas delicadas), a Fitch decidiu ajudar à festa e desceu esta quinta-feira o rating de Portugal para Lixo.

Dado o agravar da situação, os líderes europeus têm de compreender o momento crítico que vivem e têm de perceber que a resolução desta crise já não vai lá com meros curativos.

Neste momento é fundamental perceber a razão fulcral desta crise: razões estruturais e/ou ataques especulativos. Depois de identificado o problema e levando isso em conta, os paises da zona euro têm de adoptar medidas radicais. Estas são as minhas sugestões.  Primeiro, os líderes europeus têm de dar uma imagem de unidade, algo que nunca fizeram ao longo desta crise. É preciso que os investidores percebam que um dos valores subjacentes ao projecto europeu é a solidariedade e que os países que pertencem ao euro tudo farão para ajudar os seus parceiros em dificuldade.  Segundo, os regulamentos do BCE e da própria UE devem ser alterados para permitir que ambos comprem dívida soberana nos mercados primários. Por último, parece-me que neste momento a opção das Eurobonds é inevitável e é importante que se avance antes que seja tarde de mais.

Apesar da crise e da necessidade de austeridade o Governo Regional da Madeira vai gastar mais de três milhões de euros nas iluminações decorativas de Natal e no fogo-de-artifício do fim do ano. Esta medida deixa-me sem palavras, pelo que o meu único comentário é a música seguinte

Nas últimas semanas tem havido um acesso debate sobre a necessidade dos bancos se recapitalizarem e sobre a possibilidade do Estado entrar no capital dos bancos de forma a proceder-se a parte dessa recapitalização.

A necessidade de recapitalização dos bancos explica-se por duas razões distintas: (1) falta de liquidez criada pela dificuldade em obter financiamento nos mercados externos e (2) necessidade de cumprir os requisitos impostos pela Troika e Bruxelas no que diz respeito a rácios de capital.

Dado isto e dado que a Troika e o Governo reconhecem a necessidade dos bancos se recapitalizarem, não consigo perceber porque é que essas duas entidades insistem numa forma de recapitalização arriscada, complexa e do desagrado dos bancos, quando existe uma opção que seria de mais fácil implementação.  A opção que eu proponho passa por o Estado recomprar parte da dívida pública portuguesa que é detida pelos bancos. Desta forma os bancos ganhariam liquidez e melhoravam os seus rácios de capital de capital, pois venderiam um activo que neste momento é relativamente iliquido e que pelos critérios da Troika e dos testes de stress tem de ser avaliado abaixo do seu valor nominal.

Na minha modesta opinião, os 12 milhões de euros que o Estado possui para recapitalização dos bancos  seriam melhor utilizados nessa alternativa do que na alternativa que a Troika e o governo propõem de participação do Estado no capital dos bancos.

Anda por aí um video com entrevistas a universitários onde lhes são feitas questões de resposta óbvia mas onde são obtidas respostas no mínimo questionáveis.

Não vou ser ingénua e acreditar que todas as respostas foram deste nível. Mas também não vou ser ingénua e dizer que estas respostas em particular não merecem alguma atenção. Talvez não o tipo de atenção que geralmente lhe é dado…

Cada um é livre de aprender o que bem entender … se aprendem só o que lhes ensinam na escola que seja. Não fico indiferente à falta de conhecimento demonstrada, fiquei surpresa mas não indignada. Não lhes é exigido mais, nem por outros e mais importante nem por eles próprios… Se são felizes com o que sabem que o sejam. Se são felizes com o que não sabem que o sejam.

Contas feitas à vida é a felicidade que interessa e a ignorância pode de facto ser uma benção.

Depois de nos meus últimos posts ter falado quase exclusivamente da UE e da Grécia, decidi voltar a falar do nosso querido Portugal para relembrar os políticos que nos deixaram neste estado mas hoje andam desaparecidos. Uma dedicatória especial a Duarte Lima que segundo parece também queria andar desaparecido.

Quase que acertávamos:

Esta terça-feira foi chumbada a proposta do PS para os senhores deputados passarem a ter água da torneira ao seu dispor em vez das tão jeitosas garrafinhas.  O PSD votou contra mas anunciou logo que ia criar uma comissão para estudar a ideia. Eu sugiro desde já que seja mesmo feito um estudo por uma consultora independente para estudar o assunto. Desta forma paga-se uns milhares de euros para saber se vale a pena poupar uma centenas de euros e no final fica tudo na mesma.

Senhores deputados assim não vamos lá. Temos de MUDAR essas mentalidades e nada melhor do que começar por beber a boa da  água da torneira. Para MUDAR é  preciso acabar também  com essa ideia tão Keynesiana e tão apreciada pelos nossos deputados de criar comissões para decidir sobre tudo e mais alguma coisa. Quando o assunto é complexo justifica-se, mas a decisão de MUDAR água engarrafada por água da torneira não é assim tão complexa.

Para MUDAR deixo aqui uma música com uma mensagem subliminar para os nossos deputados

Está ao vosso inteiro dispor, uma das mais belas votações de sempre deste blogue. Não só por ser a primeira como fala de algo tão actual, como o jogo que irá decorrer no estádio da Luz!

Em 2007 a UE comemorou 50 anos desde a assinatura do Tratado de Roma. Quatro anos depois vive uma das suas maiores crise.

A actual crise faz com que este não seja o momento ideal para repensar o projecto europeu, mas quando as coisas acalmarem será importante repensar esse projecto para evitar que crises semelhantes voltem a acontecer. Após a entrada da Grécia, Portugal e Espanha nos anos oitenta, a então CEE procedeu a importantes reformas não só para acomodar a entrada desses países mas também para criar um mercado comum onde pessoas, bens e capitais pudessem circular livremente. Exemplo significaivo dessas reformas são o Acto único e o Tratado de Maastricht, que apesar de não serem perfeitos permitiram aperfeiçoar o funcionamente da UE e suas instituições, e criar as condições para um mercado comum com livre circulação de bens, pessoas e capitais.

Depois de 1993 a UE passou de 12 para 27 países e procedeu-se à integração monetária de metade desses países. Seria de esperar que tão profundas mudanças levassem a profundas reformas no funcionamento e instituições da UE. Infelizmente não foi isso que aconteceu, o que explica parcialmente a actual crise. Claro que tivemos o Tratado de Nice e o Tratado de Lisboa, mas ambos preferiram adiar as reformas indispensáveis para uma nova UE completamente diferente daquela que existia no Tratado de Maastrich. E mesmo algumas das importantes reformas consagradas nesses tratados acabaram por ser esvaziadas quando implementadas, sendo o caso mais dramático disso o rumo dado ao cargo de Presidente do Conselho Europeu (alguém se lembra que este cargo que devia ser dos mais importantes na UE é ocupado por Van Rompuy?)

Por esta razão temos hoje esta UE quase surreal onde coexistem várias UE's. A UE dos novos e a UE dos velhos; a UE dos ricos e a UE dos pobres, e mais importante a UE dos países do euro e a UE dos países fora do euro. Neste último ponto é curioso reparar a posição do Reino Unido que quase desapareceu de cena (lembram-se quando Tony Blair era uma das figuras centrais da UE?), passando o mediatismo quase exclusivamente para Alemanha e França. Esta situação cria também momentos caricatos como aqueles a que temos assistido, onde primeiro se encontram os 27 paises e depois metade deles saem da sala para os paises do euro discuterem os assuntos da zona euro entre si.

Para evitar futuras crises, a UE tem de reconhecer isso com frontalidade e na minha modesta opinião uma das soluções é mesmo a divisão da UE em duas diferentes organizações: uma UE com integração económica, monetária e onde haja um reforço da integração fiscal e politica relativamente à actual situação; e outra organização que seja "apenas" um mercado com livre circulação de bens, pessoas e capitais.
Quanto ao reforço da integração fiscal e politica, eu não defendo que os centros de decisão sejam centralizados na UE, mas penso que seria fundamental que tal como já está estabelecido no Tratado de Lisboa que a UE fale a uma só voz (e que essa voz não seja da Changeller alemã ou do Presidente Francês, mas sim do representante devidamente legitimado) e que nos problemas comuns funcione em coordenação. Será também fundamental aumentar o orçamento da UE e dotar esse de receitas próprias (e.g., 5%-10% dos rendimentos das pessoas e empresas em cada pais da UE reverterem para o orçamento da UE )

Estes são apenas alguns pensamentos, muitos deles pouco estruturados. No entanto, espero que após a actual crise a UE seja capaz duma reflexão profunda do projecto europeu e que tenha coragem de fazer as reformas necessárias. Caso contrário teremos constantemente estes "estranhos dias".

No dia em que Berlusconi oficialmente se demitiu deixo aqui mais uma música dedicada a esse senhor que nos acompanhou durante tantos anos.