MUDAR esta pouca vergonha

Desde o início da crise das dívidas soberanas em 2010 (para não ir mais longe) o Governo, o actual e o anterior, tem limitado-se à adopção de medidas de curto-prazo. Compreendo a necessidade dessas medidas dada a actual crise e até penso que grande parte das medidas tomadas foram na direcção certa. No entanto, considero que essas medidas não impedem a existência de uma política de longo-prazo, que tão necessária é para o país. Uma política de longo-prazo é necessária para garantir a sustentabilidade do país e evitar crises futuras.

Analizando o caso concreto das políticas energéticas. O preço do petróleo está em alta, aumentando as receitas dos países exportadores em prejuizo das balanças comerciais dos paises importadores. A menos que os testes exploratórios que estão a ser feitos em Peniche e Alentejo descubram petróleo, o governo português pouco pode fazer no curto-prazo para evitar os custos desta situação. Contudo, no longo prazo há muito a fazer.
A actual subida dos preços do petróleo deve-se não só à instabilidade geo-política em alguns dos paises exportadores, mas também à cada vez maior redução das reservas existentes para uma procura cada vez maior. Logo, a tarefa do governo será a de perceber como Portugal pode fazer face às suas necessidades energéticas no longo-prazo e se possível tornar a solução a essa necessidade uma fonte de vantagem comparativa.

No início do primeiro governo de Sócrates havia uma aposta clara nas energias renováveis, com uma política delineada nesse sentido. Apesar de alguns erros e exageros, penso que esse é o caminho a seguir. Portugal deve analizar como pode optimizar os seus recursos naturais para satisfazer as suas necessidades energéticas. Esta é uma missão não só do governo, mas de todos os agentes económicos (em particular das empresas e empreendedores). No entanto, o governo pode ter um papel activo ao criar condições favoráveis ao investimento nesta área e ao incentivar a investigação na produção e utilização de energias renováveis nas universidades e centros de investigação. Se começarmos hoje a preparar-nos para um mundo em que o petróleo será um bem quase inexistente, estaremos numa situação muito melhor quando esse dia chegar.

A OCDE revelou esta semana que os dados de 2008 colocam Portugal entre o grupo de países membros da OCDE com maiores desigualdades em termos de rendimento disponível das famílias. Além de Portugal, este grupo inclui o Chile, Israel, México, Turquia e Estados Unidos.

A desigualdade por si não é preocupante . O grave na desigualdade é o dela ser criada por haver pessoas com rendimento muito baixo, como é o caso de Portugal. Ninguém se sentiria mal, num pais em que havia desigualdade por termos os Muito Muito Ricos, os Muito Ricos e os Ricos. Dado que a desigualdade em Portugal não é provocada pela diferença entre os ricos e os muito ricos, mas sim pela diferença entre os muito pobres e os ricos, é necessário que o Governo e a sociedade civil tomem medidas para garantir a inexistência de situações de pobreza extrema em Portugal, que por vezes se tornam atentados à dignidade humana. Como a actual crise deve ter agravado os factos revelados pela OCDE é mesmo necessário MUDAR esta situação.

O FMI anunciou que Poul Thomsen, o actual chefe da missão do FMI em Portugal, vai deixar de liderar a equipa que acompanha a implementação do programa de ajustamento português, sendo substituido por Abebe Aemro Selassie (que até agora supervisonava os estudos dos países da África subsariana!?). As duas músicas seguintes são o melhor comentário a esta noticia ...

De acordo com a Lusa a  TSF iniciou um processo de reorganização que passa pelo encerramento de delegações e extinção de postos de trabalho.
Nos últimos anos a TSF tornou-se numa das minhas rádios preferidas, pelo que foi com bastante tristeza que recebi esta noticia. Contudo já várias vezes me tinha questionado como a TSF conseguia sobreviver, mantendo uma qualidade de excelência, caracterizada por um reduzido número de publicidade, espaços noticiosos alargados com reportagens e jornalismo de investigação, programas de discussão, debate e opinião.
Na minha modesta opinião a TSF faz o que um serviço público de rádio devia fazer, pelo que deveria ser um exemplo. Espero que a sociedade civil tenha capacidade de se mobilizar para evitar que este projecto continue, pois esse seria um sinal de que não é necessário um serviço público de rádio, pois a iniciativa privada é capaz de cumprir essa missão.

E o que não falta neste país é palhaçada e palhaços, uns alegres outros mais tristes...

E porque nem tudo é mau aqui está uma iniciativa interessante. Basta da pouca vergonha da mão estendida, basta da pouca vergonha de esperar que o governo faça tudo e pague tudo, basta da pouca vergonha da falta de solidariedade.
Libertando o estado daquilo que pode não fazer talvez seja possível conseguir com que ele faça melhor o que tem de fazer. Quem pode e quer ajudar, com uma pequena contribuição, pode fazê-lo. Como se costuma ver por ai em cartazes de pessoas indignadas: Juntos Somos Muitos. Então que o sejamos para coisas produtivas.
De referir que não tenho qualquer ligação com o projecto em questão. Acho apenas uma iniciativa com potencial e bastante interessante. Chama-se Bolsa de Valores Sociais e podem consultar mais informações ou apoiar projectos aqui http://www.bvs.org.pt/ . O próprio governo quer apoiar este projecto, mas que isso não impeça o cidadão comum de fazer a sua parte.
Aqui ficam umas lembranças de 1985 para entrarmos no espirito da coisa.

No festival de Berlim a longa-metragem "Tabu" de Miguel Gomes ganhou o prémio da critica e o prémio Alfred Bauer, atribuído a um filme que abra novas perspectivas para o cinema, enquanto "Rafa", de João Salaviza, ganhou a competição de curtas-metragens do festival,

O Público revelou esta semana que o Governo pagou 12 mil euros a uma gráfica para fazer 100 exemplares do programa de governo. Ou seja, cada exemplar ficou em 120 euros. A encomenda deste serviço foi feita por ajuste directo.
Eu sei que em termos de despesa do Estado 12 mil euros são tostões e que não são eles que resolvem os problemas do pais. No entanto, numa altura em que se pedem sacrificios aos portugueses, uma medida deste tipo é incompreensivel, pois não se vê a vantagem para o comum cidadão de andarem por aí 100 exemplares do programa de governo que custaram 120 euros. O Governo deve ser o primeiro a dar o exemplo de austeridade, pelo que é necessário MUDAR e acabar com este tipo de situações.

Esta quarta o IGCP realizou três leilões de bilhetes do Tesouro com resultados muito positivos pelas seguintes razões:
(1) Portugal voltou a emitir dívida a 12 meses, um prazo que já não utilizava desde que pediu ajuda externa. A taxa implícita desses titulos foi de 4,943%, o que se compara com os 5,9% pagos na última emissão de titulos dessa maturidade.
(2) Nos outros 2 leilões houve uma redução da taxa implícita relativamente aos últimos leilões para maturidades semelhantes
(3) A procura foi elevada
(4) Com estes leilões Portugal cumpriu os objectivos fixados para todo o primeiro trimestre e cumpriu também quase metade da emissão de bilhetes do Tesouro prevista para todo o ano

A Ministra irlandesa dos Assuntos Europeus afirmou esta terça-feira em Lisboa que Portugal e Irlanda estão melhor, mas não podem deixar a Grécia para trás. Finalmente, surge alguém com lucidez para perceber que a crise da divida soberana não se resolve tratando os parceiros europeus como alguém que tem sarna ou algo parecido. Para superar a crise é necessario solidariedade entre os estados-membros e a criação de um bloco unido e coeso.

Como é dia de namorados e a pressão na UE parecia ter reduzido com a aprovação do pacote de austeridade pela Grécia, a Moody's sentiu-se na obrigação de demonstrar o amor que sente pela UE ao baixar o rating de vários países, incluindo Portugal. Moody's nós também gostamos muito de ti ...

And all Europeans (particularly the Greeks) think on our Angie on this day

Keynes disse:
"O problema político da Humanidade consiste na combinação de 3 questões: eficiência económica, justiça social e liberdade individual"
A forma como a UE tem procurado resolve a crise das dividas soberanas sugere que os seus líderes se esqueceram de algumas das questões do problema enunciado por Keynes. Ou pior, pensam que o problema é impossível de resolver.

Santana Lopes demonstra que quem é do PSD não é piegas

Se és jovem, tens espirito de missão e gostas de coisas arriscadas!

Neste momento a Grécia encontra-se à beira do precipicio e parece que pretende dar um passo em frente. O mais estranho, é que apesar de ser suícidio não aceitar as exigências feitas pela UE (i.e., Merkel), a Grécia até tem razão em não aceitar alguns dos pontos impostos por este novo plano de austeridade.

A austeridade que se pretende impor na Grécia é excessiva em muitos aspectos e não vai resolver o problem essencial que é a falta de credibilidade e de confiança dos mercados internacionais. Esse problema só se resolve se a UE demonstrar solidariedade entre os seus membros e as reformas estruturais necessárias na Grécia forem feitas de maneira organizada e não apressadamente como estão a ser feitas.

Por outro lado, a morte lenta da Grécia até pode ser a tábua de salvação de Portugal, pois a constatação de que o plano imposto à Grécia não funcionou, pode obrigar a UE a repensar esse plano e aceitar um plano diferente para Portugal.

Por último, uma referência às palavras de Mário Soares que apontou a indignidade que se vive na UE, em que todos se dizem diferentes da Grécia e a tratam como se tivesse a peste negra. É lamentável que um projecto que nasceu para garantir a paz na Europa e promover a cooperação e solidariedade entre os países chegue a este ponto. Claramente é necessário MUDAR.

Recentemente surgiu no Youtube um video de acordeonistas tocando a música Take On Me dos A-Ha. Até aqui nada de extraordinário, não fosse esse video protagonizado por alunos duma escola Norte-Coreana e gravado na Coreia do Norte.
A Coreia do Norte é um dos regimes mais isolados do mundo (se não o mais isolado) e normalmente as únicas imagens que existem são as disponibilizadas pelo regime. Dada a recente mudança de líder, o video coloca duas questões: será esta uma tentativa de demonstrar abertura do regime? Ou será mais um exemplo do poder da internet e da incapacidade de regimes opressores limitarem completamente a liberdade de expressão perante este meio?
Enquanto pensamos nas respostas, vamos desfrutando do video, que até é bastante bom.

Mais um brilhante retrato do nosso Portugal oferecido pela Sic Notícias com música de Boss AC

Quero aqui manifestar o meu apoio a Vasco Graça Moura. Não à pouca vergonha do acordo ortográfico. Não sei se a decisão dele é legal mas é de certeza légau!

Para todos os que gostam de cinema recomendo o filme "O Artista". Uma homenagem ao cinema, que mostra como a simplicidade pode ser bela e como regressar ao passado pode ser inovador e arrojado. Um filme com valores artísticos acima da média, com uma história simples mas bela.
Pena que um dos melhores e mais inovadores filmes dos últimos anos esteja em exibição em tão poucas salas de Portugal.