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Estado da Nação

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Monday, September 20, 2010 by

No dia de hoje o spread da dívida portuguesa voltou a bater um novo recorde. Isto significa que Portugal passa a ter de pagar mais juros e aumenta a pressão especulativa.

Antes de ir ao ponto fulcral deste post deixem-me apenas divagar um pouco sobre as consequências destes eventos. O aumento dos juros implica um aumento da despesa. Logo, numa altura em que tanto se fala de reduzir a dívida e o defice, este aumento do spread só por si não cria, pelo menos no curto-prazo, uma crise, contudo complica os planos do governo e obriga a ter de ir buscar dinheiro a algum lado (mais impostos ou menos despesas) para atingir o objectivo que se comprometeu. Além disso, o aumento do spread do Estado, implica também o aumento do spread das empresas, o que implica que a vida das empresas também se complica.

O grande problema está sim na possivel falta de credibilidade do Estado português para honrar as suas dívidas e na especulação que está novamente a cair sobre Portugal. Estes dois factores podem levar que Portugal não consiga vender as obrigações que pretende, o que implicaria que o Estado ficaria sem dinheiro (pois nesse momento para ter dinheiro temos de pedir emprestado), logo salários de funcionário públicos deixariam de ser pagas, obras públicas parariam e tudo o resto do país também pararia. No entanto, este sinal catastrofista dificilmente aconteceria, pois a UE e o FMI emprestariam dinheiro a Portugal, mas impondo as suas condições.

Na minha sábia opinião, neste momento a credibilidade do pais ainda não se encontra perdida, pelo que se espera que o Estado consiga vender as obrigações que pretende. Apesar de ainda não estar perdida a credibilidade, tanto a oposição (em especial o PSD) como alguns “iluminados” do país tudo têm feito nos últimos dias para tal acontecer (isto não deve contudo ausentar o governo de erros cometidos e que contribuiram para a situação actual). Esses senhores têm clamado pela intervenção do FMI, ao mesmo tempo que o FMI vem dizer que, apesar dos problemas, Portugal se encontra no bom caminho. Estes senhores sem saberem o orçamento já por várias vezes vieram insinuar que este deve ser chumbado. Isto tem de MUDAR, caso contrário podemos ter mesmo graves problemas (se levarmos em conta que os actuais já são bem graves, então está tudo explicado).

Passos Coelho entrou com o pé direito na liderança do PSD, tomando num curto espaço de tempo várias medidas acertadas, entre elas o apoio ás medidas de austeridade que o país precisava. Tanto ele como o país perceberam nessa altura que se nada de estranho acontecesse ele chegaria a primeiro-ministro de Portugal. No entanto, o facto do poder estar tão perto levou a que os seus coloboradores achassem que ele devia encurtar o caminho e chegar lá mais rápido. Isto não seria um mal que vinha ao mundo (e até podia ser algo bastante positivo) em qualquer outra altura. No entanto, no momento actual Portugal precisa de tudo, menos instabilidade política, pois só aumentaria a instabilidade. Logo, Passos Coelho deve voltar a sua postura inicial, pensando mais nos interesses de Portugal do que nos seus interesses.

Por último alguns conselhos também ao governo. Para evitar colocar a oposição entre a espada e a parede, o governo tem de ser humilde e saber dialogar com a oposição. Só trabalhando em conjunto se chegará a algum lado.



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