MUDAR esta pouca vergonha

Depois de ontem o lider da Nova Democracia (partido mais votado nas eleições gregas) ter dito que não conseguia formar um governo, hoje o presidente grego convidou o lider da Coligação de Esquerda Radical (segundo partido mais votado) a formar governo. No programa apresentado por este partido após o convite feito pelo presidente, duas propostas são preocupantes: (1) a rejeição do memorando da Troika  e cancelamento de todas as medidas nele previstas, (2) nacionalização de todos os bancos. Estas medidas na minha opinião podem levar ao descalabro completo da Grécia. Como já disse várias vezes o programa da Troika para Grécia, Portugal e Irlanda não é bom, mas o que esses paises devem procurar fazer é chegar a acordo com a UE de forma a alterar algumas das medidas mais negativas. O rompimento do acordo, poderá fazer com que a Grécia fique sem meios de financiamento e obrigará à saida do euro. Interessante o facto de no programa de governo deste partido não se falar da saida do euro, embora essa seja uma alternativa que mereça ser discutida (mais do que o rompimento do acordo com a Troika). Algumas das outras medidas apresentadas no programa até podem ser positivas (como uma auditoria as contas nacionais e a reforma do sistema politico grego), mas perdem todo o seu valor quando combinadas com as outras duas medidas.

No meio desta confusão grega, Mário Soares lembrou-se de dizer que o PS já não está obrigado a cumprir o acordo que foi assinado com as instâncias internacionais para o Programa de Assistência Financeira Externa. Mário Soares é uma das figuras mais importantes da nossa democracia, mas várias vezes se caracterizou por fazer afirmações num timing que não o correcto. Esta foi uma dessas situações. Dada a situação na Grécia, a última coisa que Portugal quer é ser visto como um pais que pode também romper o acordo com a Troika a qualquer momento. O que Mário Soares devia ter dito é que dada a nova conjectura politica na Europa, o nosso Governo devia fazer esforços junto dos parceiros europeus no sentido de reformular o memorando com a Troika de forma a dar mais valor ao crescimento, o que obriga a fasear o esforço de consolidação das Finanças Públicas.
Pela positiva sublinhar a atitude do PS, que rapidamente se distanciou das afirmações de Mário Soares.