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Dignidade não são posses

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Tuesday, April 3, 2012 by Bored Soul


Finalmente, a meu ver, vão ser revistas as regras do Rendimento Social de Inserção. A pouca vergonha aqui chega pelas "Gordas" de certos jornais, onde se lê "Quem tem carro, vai preso ou recusa trabalho perderá o Rendimento Social de Inserção" quando não é exactamente isto que acontece! A pouca vergonha chega pelos comentários de investigadores (só podemos especular sobre a sua orientação política). Dizem que as medidas relacionadas com sinais exteriores de riqueza serão inócuas porque poucos beneficiários do RSI têm depósitos ou património nesse valor… concordo com a última parte. Acredito que, infelizmente, a maioria das pessoas que recorre ao RSI não tem património que chegue a 25000€. Dizem que esta alteração nas regras segue uma agenda ideológica e que vai estigmatizar e denegrir os beneficiários do RSI!  Sim denegrir porque dá a ideia de que há muitos beneficiários do RSI com fortunas nos bancos! Ora pode não haver muitos, mas há de certeza beneficiários indevidos! Ai é um estigma! Nunca percebi este argumento… ou melhor percebo-o, não percebo é a sua racionalidade para além da mentalidade de aparências que persiste. É relativamente consensual que estar numa situação de pobreza é algo mau, mas é não é algo que seja motivo para uma vergonha tão exacerbada. Pode acontecer a qualquer um de nós e a dignidade não se mede pela conta bancária. Não chega para ter um carro xpto não se tem um carro xpto, não chega para um telemóvel topo de gama, tem-se um de 30€. É a vida na sociedade que temos! O que na minha opinião não é aceitável é termos pessoas com bom corpinho para trabalhar a viver à conta de todos nós, quando muitas outras pessoas que realmente precisam de apoio ou não o têm ou o têm em menor valor porque tem de dar para todos! Além disso, como o próprio nome dá a entender, o RSI é suposto ser um apoio transitório para quem precisa de re-orientar a sua vida e não um sustento a quem não lhe apetece fazer pela vida.
Parece que a intenção do Governo é usar as poupanças com o RSI nas pensões mínimas. Parece-me uma medida mais justa. Os investigadores não concordam, porque nas pensões mínimas há pessoas mais necessitadas que outras… pois, acho que no RSI também...
Tenho algumas dúvidas se a melhor forma de avaliar as necessidades de apoio será pelo nível de poupanças ou posses. Há sempre a questão da margem… Alguém com poupanças de 24900€ pode pedir apoio, outra pessoa se tiver poupanças de 25001€ já não poderá…
O populismo que por aí anda enerva-me, é muito fácil prometer mundos e fundos, às vezes até dar mais do que se pode dar… claro que era bom haver recursos infindáveis para todos, mas não há.



Bolsa de Valores Sociais

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Sunday, February 19, 2012 by Bored Soul

E porque nem tudo é mau aqui está uma iniciativa interessante. Basta da pouca vergonha da mão estendida, basta da pouca vergonha de esperar que o governo faça tudo e pague tudo, basta da pouca vergonha da falta de solidariedade.
Libertando o estado daquilo que pode não fazer talvez seja possível conseguir com que ele faça melhor o que tem de fazer. Quem pode e quer ajudar, com uma pequena contribuição, pode fazê-lo. Como se costuma ver por ai em cartazes de pessoas indignadas: Juntos Somos Muitos. Então que o sejamos para coisas produtivas.
De referir que não tenho qualquer ligação com o projecto em questão. Acho apenas uma iniciativa com potencial e bastante interessante. Chama-se Bolsa de Valores Sociais e podem consultar mais informações ou apoiar projectos aqui http://www.bvs.org.pt/ . O próprio governo quer apoiar este projecto, mas que isso não impeça o cidadão comum de fazer a sua parte.
Aqui ficam umas lembranças de 1985 para entrarmos no espirito da coisa.




Sacrifícios

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Saturday, October 29, 2011 by Bored Soul

Com a crise vemos noticias de pessoas que perderam empregos, sofreram reduções de salários ou que por variados motivos tiveram um quebra de rendimento. São situações indesejáveis não o vou negar e há casos muito críticos de pobreza e empobrecimento, também não o vou negar.
É claro que seria melhor se tudo corresse bem e se todos pudéssemos ter o que queremos. Infelizmente a realidade não é assim. Contudo muitas vezes vejo também alguns "sacrifícios" que agora com a crise se têm de fazer… Em vez de ir ao cabeleireiro uma vez por semana vai-se uma vez por mês, não se vai jantar fora, não se vai ao McDonalds, leva-se marmita de casa para o trabalho (que como ouvi numa reportagem já não é mal visto nem está associado a ser pobre mas sim até a comer melhor), os 500 canais da TV por cabo, as marcas brancas, quando possível cultivar vegetais e criar animais…
Ora para mim este tipo de sacrifícios são o normal do meu dia-a-dia e sempre foram… talvez seja por eu ser do campo… talvez nas cidades seja diferente…
As refeições eram em casa, restaurantes era em dias de festa quando era. Ir ao cabeleireiro era quando era realmente necessário. Tanto os meus pais como os meus avós levavam marmita e eu também levava comida de casa para a escola. Tenho idade suficiente para ter crescido com 2 canais e assistido ao aparecimento de mais 2, nunca senti falta de mais canais, talvez fosse a programação da altura. Tenho também idade suficiente para me lembrar que no campo não haviam marcas brancas e as compras, que eram feitas na mercearia do bairro, até eram mais caras que muitos dos produtos agora disponíveis; mais tarde sim lembro-me da generalização das marcas brancas e de as ver por casa. Cultivar alguns legumes e vegetais e criar frangos e galinhas também era parte da rotina, são poucos os produtos deste tipo que me lembro de serem comprados; infelizmente não o faço nos dias de hoje, não por falta de vontade mas por falta de espaço. Deve ser coisa das cidades, são maiores mas têm falta de espaço.