MUDAR esta pouca vergonha

No momento em que estou a escrever os resultados finais das eleições italianas ainda não são conhecidos e parece que tudo ainda pode acontecer. Neste momento, com 99% dos votos contados parece que a coligação de centro-esquerda poderá ter conseguido a maioria na câmara baixa apesar de em termos de votos ter tido apenas 29.54% contra 29.14% da coligação de Berlusconi (este aparente paradoxo explica-se por o sistema italiano premiar o vencedor das eleições com um número adicional de lugares). No senado as contas são mais complicadas pois o número de votos que separam a coligação de centro-esquerda da coligação de Berlusconi é também muito pequeno, mas como nessa câmara o prémio ao vencedor é atribuido por região existe um quase empate, apesar de neste momento o centro-esquerda ter mais 5 lugares mas sem maioria. Além da surpresa do regresso de Berlusconi (lembrar que neste blog já nos tinhamos despedido dele), o partido anti-sistema de Grillo conseguiu um terceiro lugar em ambas as camâras, ficando mesmo próximo das duas coligações com mais votos.  Mario Monti ficou em quarto com apenas 10%.
No pior cenário, Berlusconi (e também Grillo) podem criar uma grande incerteza sobre o futuro politico em Itália, o que não será positivo para Itália e para a UE. Por agora, resta esperar pelos resultados finais e ver o que se chegue.

José Sócrates arranja part-time enquanto acaba o curso

Depois do sucesso de Gangnam Style e (vá-se lá perceber porquê) de Harlem Shake, Portugal (re)lança Grândola Vila Morena. Com uma coreografia que consiste principalmente em levantar o braço direito (ou ambos os braços conforme o entusiasmo) e fazer um movimento como se se estivesse a dar murros no ar, Grândola Vila Morena tem tudo para se tornar viral.

O fotojornalista Daniel Rodrigues venceu o primeiro prémio da secção “Daily Life” da World Press Photo (WPP) com uma fotografia que retrata um grupo de crianças a jogar futebol num pelado na Guiné Bissau. Daniel Rodrigues encontra-se actualmente desempregado. Este facto vem mais uma vez provar que na actual fileira de desempregados portugueses existem pessoas de grande qualidade e que o facto de não estarem a exercer a actividade que desejam representa uma perda não só para elas mas também para o país. Era importante que os nossos governantes deixassem de ver o desemprego como um número e mesmo como uma oportunidade, e tentassem dar resposta ao custo actual e para o futuro de não conseguir proporcionar as condições necessárias para criar emprego.

Fui parar ao site do governo e reparei em duas iniciativas que me pareceram interessantes.
A primeira é um simulador da contribuição do IRS pago anualmente pelos contribuintes para as despesas do Estado. Como qualquer bom simulador terá as suas limitações.
A segunda é "O Meu Movimento", iniciativa que permite aos cidadão apresentar causas/ideias e defendê-la. O Movimento vencedor é escolhido por votação do público e será apresentado ao Primeiro Ministro pelos seus criadores, segundo consta no site do governo.

Estas iniciativas parecem-me interessantes porque apelam aos portugueses. Apelam a algum tipo de acção para além da queixa. Estejamos em crise ou não.

Durante o debate parlamentar quinzenal, a intervenção de Pedro Passos Coelho foi interrompida por manifestantes que entoaram a "Grândola Vila Morena". Ao contrário de anteriores situações, o primeiro-ministro desta vez até soube reagir bem aos protestos. Tal como Passos Coelho, gostaria de felicitar os manisfestantes pelo bom-gosto que tiveram na forma de demonstrar o seu desagrado pelo rumo que o pais leva. Como já disse várias vezes, se Portugal conseguir ultrapassar este periodo complicado (o que tenho esperança), totalmente o deve aos portugueses e a forma digna como souberam ao longo deste periodo manifestar o seu desagrado perante o que são más politicas e aceitar outras medidas que mesmo dificeis são necessárias para o futuro do país.
Apesar de ter esperança que Portugal vai ultrapassar esta crise, não poderia deixar em claro os preocupantes números do desempregro e crescimento económico revelados esta semana. Estes números revelam que a politica que está a ser seguida tem erros e que é necessário fazer alterações no rumo seguido. A UE e o governo deviam compreender que ninguém está a pedir facilitismos e a esconder a necessidade de reforma, está apenas a constatar que algumas das medidas tomadas não estão correctas (e por isso devem ser substituidas ou terminadas) e que outras medidas devem ser adoptadas para responder a alguns dos problemas que o país atravessa.

Recentes documentos associados à  manipulação da Libor indicam que essa era paga em "bifes". Não sei porquê isso fez-me lembrar de alguns casos recentes em Portugal. Ainda não consegui perceber é o porquê desses casos envolverem sempre comida.